CIDADE MODERNA X CIDADE CONTEMPORÂNEA

sexta-feira, 28 de novembro de 2008


O texto Primeira Lição de Urbanismo de Bernardo Sechi coloca em questão o paradoxo cidade moderna e cidade contemporânea buscando em algumas comparações responder a demanda de cada uma. Para tanto, ele faz uma analise do período entre a primeira guerra mundial e o início dos anos noventa , período denominados por Eric Hobsbawm de “século breve”.

Nesse “breve período” ocorreram as maiores experiências da cidade e do urbanismo ocidental: a experiência do Movimento Moderno, da construção da cidade soviética, da cidade do New Deal e das cidades das ditaduras européias, a experiência das duas reconstruções pós-bélicas, da formação, em algumas regiões do mundo, de imensas megalópolis, e, na última parte desse período, finalmente termina a transição da cidade moderna à cidade contemporânea, cujos delineamentos mostram-se ainda incerto e indeterminados.

É possível compreender a partir dessas diferentes experiências que durantes um século o mundo ocidental nutriu uma série de incertezas diante do projeto moderno.

No entanto hoje a modernidade nos traz um sentimento de nostalgia, um lugar seguro; o mundo contemporâneo, apesar de mais livre, se mostra confuso, dominado pelo caos, desprovido de forma, incompreensível e imprevisível, gerando um novo e difuso mal estar individual e coletivo.

Diante desses novos conceitos, Bernardo Sechi coloca a ruptura entre cidade moderna e cidade contemporânea como um questão difícil a ser tratada, no sentido de que é difícil diferenciar e dizer o que o interliga o antes e o depois. Mas conclui logo em seguida que o urbanismo contemporâneo é diferente do passado e essas diferenças são parte do resultado de uma consciente mudança das praticas empregadas.

A cidade moderna propõe temas e problemas que são reencontradas em todo lugar e que portanto, podem torna-se objeto de reflexões gerais. A cidade contemporânea não tem características idênticas em toda parte do mundo ocidental.

Mesmo assim muitas vezes a produção artística hoje em dia tentam responder as efemeridades buscando um elo entre elas. Nas descrições dos urbanistas, sociólogos, antropólogos, etnólogos e economistas “a cidade contemporânea parece para muitos como um confuso amálgama de fragmentos heterogêneos, no qual não é possível reconhecer nenhuma regra de ordem, nenhum princípio de racionalidade que a faça inteligível”. Ao mesmo tempo Henry Miller ira dizer que confusão é uma palavra inventada para indicar um ordem que não se compreende. E ai esta marcado o grande dilema da cultura ocidental : como se dá a relação entre o uno e múltiplo. O quanto essa novas efemeridades podem ser padronizadas e respondidas por reflexões gerais, como se fazia no projeto moderno?

A questão é que hoje a cidade se torna cada vez mais o lugar da diferença, acervo de minorias culturais, religiosas, lingüísticas, étnicas, de níveis de renda, de estilo de vida, de arquiteturas e saberes que tendem a se isolar , mediante complexos processos de exclusão-inclusão.

A cidade contemporânea muitas vezes interpretadas como dispersão caótica de coisas e pessoas, de prática e de economias, a cidade contemporânea nas diversas escalas do espaço físico, social, econômico, institucional, político e cultural, caracteriza-se por um mesmo grau de fragmentação, produto de uma racionalidade múltipla e legitimas, mas muitas vezes simplesmente encostadas uma na outra, atravessada por limites não só invisíveis , como difíceis de superar, segundo o autor. Portanto os diversos elementos marcam uma cidade despedaçadas que, ás diversas escalas encarrega sua própria organização.

Assim Bernardo Sechi caracteriza a cidade contemporânea como um lugar privilegiado da mescla de pessoas e diversificação de atividade e da simultaneidade. E que “paradoxalmente a cidade contemporânea é o lugar da não contemporaneidade, que nega o tempo linear, a sucessão ordenada de coisas, de acontecimentos e comportamentos dispostos ao longo da linha do progresso como foi imaginado pela cultura moderna. Na cidade contemporânea apresenta-se uma forma do tempo diversa daquele da cidade moderna”.

Lugar da mescla e diversificação, a cidade contemporânea é por natureza
instável. E com o fim da modernidade é ao mesmo tempo obsolescência e desativação, transformação e reutilização:

“(...) é o lugar de contínua e tendencial destruição de valores posicionais, de progressiva uniformização e democratização do espaço urbano; de destruição de consolidados sistemas de valores simbólicos e monetários, de contínua formação de novos itinerários privilegiados, de novos lugares de comércio, de lazer, da comunicação e de interação social, de uma nova geografia de centralidades, de novos sistemas de intolerância, de compatibilidade e incompatibilidade”.
A cidade é um sistema caótico, porém não é com isso que devemos nos surpreender, “mas com a nossa incapacidade ou impossibilidade de limitar qualquer tipo de desvio dentro de limites suficientemente restritos, durante períodos suficientemente longos. Uma situação diversa daquela imaginada pela modernidade”.

Compreender a razão dessas mudanças e perceber seu alcance não é simples. Para Bernardo Sechi a cidade contemporânea passa por um momento de procura da distância adequada, para poder se compreender.

No fim do seu texto o autor cita quatro exemplos para tentar esclarecer essa idéia. Faz isso comparando as relações de semelhanças e diferenças do movimento pós moderno com o movimento moderno. Interessante observar essas relações, e compreender como que estão se dando essas mudanças, e que mudanças são essas. A relação do homem com arquitetura não é mais uma postura dominante, mesmo que por vezes ainda permaneca arrogante. Um bom projeto vai sempre consegui olhar e compreender as diversas escalas.

Itália Parte 1

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Seguindo o roteiro dessa minha mesma viagem, fui de navio até a Itália.
Primeira parada, Pompéia. Falarei dela hoje.
Pompéia para quem não conhece, é uma cidade histórica que foi devastada pelo vulcão Vesúvio em 24 de Agosto do ano 79 d.C.. O vulcão entrou em erupção sepultando completamente toda a cidade que só veio a ser redescoberta 1600 anos depois.
O impressionante é que a cidade ainda está lá, em ruínas, mas ainda assim, viva, com esqueletos de bares e padarias (onde permanecem claros os fornos e balcões) , etc...
Os lupanários ( uma palavra que vem do fato das prostitutas atrairem seus clientes fazendo o som do uivo dos lobos) , tem em suas paredes restos de pinturas ainda intactas.
É chocante, e , ao mesmo tempo magnífico poder ver tudo isso ao vivo, mexe com a alma.
É dificil não se emocionar.
E tudo isso fica melhor ainda se contratar um guia local. O custo é em torno de 100 euros e a visita ao sitio arqueologico dura aproximadamente 2 horas. É um passeio por toda a cidade em que, o guia vai dando vida as ruínas que encontram-se ali, sem contar as vítimas.
Quando a cidade foi redescoberta os habitantes tiveram seus corpos moldados pelas cinzas e lamas, o que permitiu que fossem encontrados da exata forma em que foram atingidos. É impressionante, dentre milhares de coisas e pessoas encontradas , há uma mulher grávida deitada , vasos, legumes, um homem rezando e um cachorro preso a uma coleira em um poste tentando fugir da tragédia. Nessa hora, dá um aperto no coração, mal consegui olhar de tão real que é tudo aquilo.
Paralelo a toda essa emoção, tem o pavor de ter o Vesúvio ali do lado...do vulcão , que dizem estar se preparando para uma nova erupção, sai fumaça e um cheiro de enxofre forte. E o curioso é que os moradores não se incomodam nem se apavoram com isso, pelo contrário, é assombroso o tanto de casa construída na calda do vulcão.
Deixo de dica também um restaurante delicioso bem em frente a entrada da cidade, ao lado do estacionamento. A salada e a pizza eram deliciosas, e os italianos super prestativos e gentis!
Sinceramente, eu não deixaria Pompéia com segunda ou terceira opção. É uma experiencia unica, inesquecivel e indescritível....e afinal, nunca se sabe ate quando ela continuará intacta.
1 e 4- cidade em ruínas.
2- Vesúvio ao fundo
3- mulher grávida deitada de barriga pra baixo.










Em Vivo Contato: 28a Bienal de São Paulo

quarta-feira, 19 de novembro de 2008


Imagino que todos já tenham ouvido falar na polêmica do vazio da Bienal. Apesar de não querer me estender sobre esse aspecto da exposição, não posso deixar de comentar a pouquíssima quantidade de obras naquele imenso espaço. Críticos e curadores vindos de fora do país ficaram decepcionadíssimos e, realmente, a 28ª Bienal tem cara de mostra pequena e não da mega-exposição que costuma ser. Lembro também que o tema, O Vazio, foi mudado recentemente para Em Vivo Contato, mais uma mostra de incoerência da parte da organização do evento.

Deixando as reclamações de lado, afinal já foram feitas por muitos, não se pode absolutamente dizer que os trabalhos ali presentes são de má qualidade. O que me chamou a atenção, porém, foi a falta de contextualização de algumas obras, pois a maioria delas não é acessível apenas pela sua contemplação, tem uma história por trás.


No lounge, por exemplo, há uma de minhas preferidas, de Valeska Soares. À primeira vista trata-se de uma pilha de letras de gesso, que, após uma explicação, descobre-se fazerem parte do texto da primeira bienal, sob o título de Em Vivo Contato. É instigante observar essa desestruturação da escrita, que aparece reduzida a algo ilegível. O contato com as letras passa a ser palpável, porém, ao serem transformadas em objetos, as mesmas não significam mais nada, perdem seu simbolismo. O trabalho chega a mostrar uma certa ironia, pois, ao mesmo tempo em que o texto entra em vivo contato com o espectador, as letras deixam de ser signos e ele perde seu significado .


Ao subir a rampa há uma pequena forma metálica junto à parede. É o trabalho sem título de Iran do Espírito Santo, outro que me chamou a atenção. Trata-se de uma fechadura ao avesso, constituída de aço inoxidável. A forma é de um buraco de fechadura, porém, ao invés do orifício pelo qual enxerga-se através, ali está um volume que reflete ao seu redor. Essa discreta obra reverte o lugar do voyeur, que ao tentar espiar acaba por enxergar a si mesmo e sua realidade, faz com que as pessoas sejam obrigadas a observar-se e não ver nada a não ser seu próprio entorno. Remete-me também à questão de tudo ser vigiado e observado o tempo todo, do individualismo e da imagem presente em todos os lugares .


A quantidade de trabalhos em vídeo também se destaca na mostra. As televisões de Marina Abramovic mostram recortes de registros de suas performances que exibem apenas sua face. Monta-se assim um panorama das expressões de rostos levados a situações extremas, como a de abocanhar uma cebola crua, ou deixar-se envolver por uma serpente. No mesmo andar há a instalação em DVD da finlandesa Eija-Liisa Ahtila, The House. Trata-se de três projeções simultâneas que atenuam a linha entre razão e delírio através da história sensível de uma personagem esquizofrênica que mostra sua vida, sua casa, seus medos, sua realidade . O fato das imagens serem projetadas simultaneamente arrasta o interlocutor para dentro da cena e o envolve no ambiente da obra.


Poderia falar sobre outras obras, como o belíssimo Escalpo, de Dora Longo Bahia, que invade todos os espaços do terceiro andar com suas formas orientais desgastadas pelo pisar do público, mas não vou me alongar mais. Sugiro que visitem a Bienal e, depois do choque do vazio, tentem desviar a atenção da ausência e se concentrar no que ali está. E peçam informações aos monitores, pois não se pode adivinhar a história das coisas, certo?

Axterix y Obelix

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum...

Ao ler os posts da Lola lembrei das histórias em quadrinhos criada em 1959 na França por Albert Uderzo e René Goscinny: Asterix.
Ai esta um video de lembranças sobre ele que achei no Youtube .
Eu sei que muitos ja leram, mas quem não leu fica a dica...
O interessante dele é reparar nos desenhos e nos dialogos as refência que ele da sobre arquitetura, cidades, gastronomia, vestimentos... da época. É uma ótima referência para entender um pouco do periodo além de se divertir com o bom senso de humor.
São mais de 40 anos de existência. Asterix já protagonizou 33 livros de Histórias em Quadrinhos, que já venderam mais de 280 milhões de exemplares em 77 países.



(Asterix e seus amigos são um grupo de guerreiros bigodudos e brigões. Gostam de curtir a vida cantando e comendo javalis assados em uma pequena aldeia na Armórica ao norte da antiga Gália, resistindo ao domínio romano.
Para enfrentar as legiões, contam com a ajuda de uma poção mágica, que lhes dá força sobre-humana, preparada pelo druida Panoramix. A exceção é Obelix, que caiu dentro de um caldeirão com a poção quando ainda era bebê, e por isso adquiriu permanentemente a superforça.

Asterix passou por diversas desventuras: descobriu a América, conheceu o belo nariz de Cleópatra, escalou os montes suíços, pegou a coroa de César, participou das Olimpíadas gregas, venceu a especulação imobiliária e financeira, enfrentou romanos na Bretanha e na Bélgica, deu a volta pela Gália, se tornou legionário, atuou no teatro, foi vendido como escravo. Enfim, foram muitas histórias, todas com o grande primor narrativo característico de Goscinny.)

Site oficial: http://gb.asterix.com/


Despedida Grega

terça-feira, 11 de novembro de 2008



Para finalizar minhas dicas sobre a Grécia, vou contar cronológicamente o final da minha viagem.

O meu ultimo dia em Atenas, foi conhecer a biblioteca de Adriano....uma grande escavação com vários elementos destruídos mas que ensaiam e rabiscam o que houve ali uma época. É emocionante estar sentada ali, nos bancos em que muitos leram e aprenderam há tanto tempo atrás.
A viagem pela Grécia continuou...Conheci Corinto- canal, a água mais azul da minha vida!!!-
Mycenas, Tumba de Agamenon Nafplio , Tolo, Lagardia e Olympia.
Mycenas é uma acrópole milenar, não há cidade em volta. Foi descoberta em 1800, séc XIX pela persistência de um arqueólogo alemão Schliemar (não estou certa da forma que se escreve), apaixonado pela cultura helênica. Ele também foi o responsável por descobrir Tróia, um pouco antes. Sobre Mycenas, sabe-se que no seu apogeu governou Agamêmnon, casado com Clyptomnestra, traído e assassinado por ela!!! Orestes, filho do casal, matou a mãe e o amante para vingar o pai.
O tumulo de Agamêmnon é imenso, monumental e lindo. Foi construído como as pirâmides do Egito e dizem que estava todo coberto de ouro. No saguão anterior a sala aonde ficava a tumba, ficavam dispostos todo o tesouro do rei, armas e armaduras.Os turcos apareceram e saquearam tudo, incendiaram todo o interior para derreter o ouro e rouba-lo também.


Nafplio é uma cidade milionária. Um vilarejo lindíssimo, erguido sobre o mar, azul todo cheio de restaurantes e badalações. É chiquerrima e tem muitas lojinhas para consumo pessoal .
Eu mesma com minha mãe descolamos uma loja muito legal para quem gosta de acessórios diferentes, tem vários broches e brincos de pratas super delicados de bichos...passaros, peixes, tudo feito com muito capricho, uma coisa pra lá de original. Pra quem quiser conferir:
16 Staikopolou str 21100 nafplio. Vale a pena. É caro, mas vale. Um PS, os gregos tem horários de trabalho muito peculiares no inverno...saem pro almoço por volta do meio dia voltam duas horas depois, e , logo fecham tudo. É complicado pegar as lojas abertas depois das 17hrs.
Tolo é outro tipo, é uma cidade costeira mais tranquilona. O hotel que ficamos era qualquer coisa de maravilhoso, perdi o papelzinho mas vou tentar encontrar para passar p vocês....Do meu quarto, ouvia o mar...era uma delicia................
Langadia é um trecho perigoso...uma subida interminável pelos desfiladeiros das montanhas gregas....Uma aflição, tudo estreito, não pode ter mais de um transporte na estrada , que inclusive é utilizada somente por excursões de tão complicado que é esse passeio. A região é praticamente uma aldeia, um vilarejo todo encostado nas pedras, com cafés, restaurantes, casas e banheiros- do tipo turco que é um drama.
Por fim, cheguei em Olympia, aonde vale a pena contratar uma guia. A nossa nos contou uma historia linda demais: diz- se que Pheidias, grande arquiteto e genial escultor da Palas Athena, foi chamado em Olympia para esculpir uma estatua de Zeus para ser colocada em seu templo. Quando terminada, ficou tão deslumbrante que disseram a ele:
-Acaso te receberam no Olimpo para que você o visse, para que visse sua grandeza? Ou Zeus foi te visitar?
Séculos depois essas esculturas foram para Constantinopla protegidas dos saqueadores e guerras, mas desapareceram em um incêndio uma vez que o marfim não resiste ao fogo.Uma pena.
Vale aproveitar o museu de Olympia, onde está a estatua de Hermes carregando Dionísius. Dizem que Zeus ordenou a Hermes dar um destino a criança, esconde-lo pois Hera sua mulher ciumenta não o perdoaria pelo nascimento de mais um filho bastardo.
De moda mesmo, a Grécia não é forte, mas é, absolutamente um país rico em cultura de todos os tipos, é tanto detalhe, tanta ruína que a gente nem sente falta de informação de moda. Não que não tenha, mas não se compara ao que encontramos em Paris por exemplo.
Chega de Grécia, ficam minhas dicas e continuo com a Itália na proxima.

Fotografia experimental: Identidades Contrapostas

domingo, 9 de novembro de 2008

Em uma quinta-feira de outubro eu estava a trabalho no Instituto Tomie Ohtake quando resolvi dar uma paradinha na exposição de fotos Identidades Contrapostas, composta pelas fotografias experimentais dos ganhadores do Prêmio Porto Seguro de 2001 a 2007. Encontrei por lá um bom desafio para o olhar e por isso resolvi que seria o meu segundo post aqui no blog.

Com curadoria de Cildo Oliveira, Identidades Contrapostas tem como tema a busca por novas linguagens na imagem. Técnicas avançadas e clássicas aparecem nas 40 obras destes 18 artistas que levam a experimentação além do enquadramento, brincam com a luz de diferentes formas e acabam por compor trabalhos que expressam um conjunto incomum de visões da realidade.

A artista Cris Bierrenbach, por exemplo, utiliza-se da antiga técnica do daguerreótipo e apresenta imagens de partes do corpo humano em superfícies espelhadas, de forma que quem observa a obra acaba por ter seu próprio reflexo também absorvido pela foto. Já Guilherme Maranhão reproduz, a partir do uso de scanner, repetida e paralelamente, fotografias de cenas em movimento, como a de carros passando ou de pessoas em uma escada rolante e forma quadros que transmitem fluidez e mobilidade aos olhos do espectador.

Trilhos de bonde correm pela congestionada avenida Doutor Arnaldo no trabalho de Marcelo Zochio, que experimenta a questão do tempo a partir de obras que fazem com que fotografias atuais e antigas imagens urbanas dividam o mesmo espaço, causando um sutil estranhamento ao unir o presente e o passado em um só instante. Há fotógrafos que experimentam com a saturação das cores, outros tentam reduzir a imagem e maximizar o conteúdo através de uma foto ou fazem experimentações com interferências em fotografias apropriadas, como Clayton Camargo Jr e seus cartões postais.

Trata-se de um conjunto de artistas que exploram, por caminhos diferenciados, o mesmo rumo da experimentação no campo da fotografia. O resultado desse mergulho aparece como algo questionador e instigante, que tira o espectador da calmaria de imagens estetizadas, sem perder a beleza e a sensibilidade do trabalho fotográfico.

Identidades Contrapostas
Até 30 de novembro de 2008, de terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros SP
Fone: 11.2245-1900

Arquitetura do Ninho

quinta-feira, 6 de novembro de 2008


Diretamente da Suíça, chega ao Brasil um projeto da dupla Herzog de Meuron. Saiu ontem a notícia no jornal Folha de São Paulo, o anúncio de um futuro centro cultural na cidade. A dupla, responsável por importantes obras como a Tate Modern e o Estádio Olímpico de Pequim, disputou a autoria do projeto com outros três escritórios de arquitetos igualmente importantes: Foster, Pelli e Koolhaas.
Ao receber essa notícia pelos meus colegas de faculdade fiquei muito feliz! É inquestionável o repertório dos dois, ter uma obra deles em São Paulo e poder visitar sempre que puder sem precisar pegar um avião é, no mínimo, demais!
Mas, ao saber o local da obra e o seu custo fiquei chocada, pra não falar outra coisa. O novo teatro de dança de São Paulo estará localizado na região da Nova Luz, futuro projeto de especulação imobiliária do nosso digníssimo reeleito atual prefeito: Kassab! Sim, na Luz, com um custo nada mais nada menos que 300 milhões de reais!
A região repleta de centros culturais (Pinacoteca do Estado, Estação Pinacoteca, Sala São Paulo, Museu de Língua Portuguesa Centros de Estudos Musicais Tom Jobim...), realmente precisa de outro prédio? Será que isso resolverá questão da Cracolândia? E do esvaziamento do centro à noite? E de toda depredação da região? Obvio que não! E todos nós sabemos, também, que nem são essas as intenções.
Todos os cortiços do bairro estão sendo removidos e as pessoas estão sendo relocadas para bem longe, colocadas dentro de um ônibus e despachadas para fora de São Paulo. Algumas migram por conta própria para regiões próximas, como a do Lago do Arouche, permitindo, assim, que a atual região vire um pólo de negócios.
Nem nossa legislação urbanística consegue responder a essas especulações. E as ZEIS que delimitam a região? Será que haverá um conjunto habitacional de baixa renda de frente para a nova sala de dança de São Paulo? Fico impressionada até a onde essa especulação pode chegar. Só nos resta esperar que a dupla suíça responda em seu projeto a essas questões.

grécia te amo- sobre Athena

domingo, 2 de novembro de 2008



Continuando minha viagem pela Grécia, não poderia deixar de falar sobre o que se conta da personagem mitológica Athena e seus três valores.
O primeiro, era Athena a guardiã da cidade- polis-. O segundo, era Athena Virgem e o terceiro valor era Athena Nike, que distribuía a vitória aos vencedores.
Em Acrópole, o Parthenon é a morada da Athena virgem e as outras duas moradas menores, abrigaram Athena Polis e Athena Nike.
Conta-se que os atenienses, desgostosos com Athena dando a vitória aos que mereciam, sendo eles de qualquer nacionalidade, cortaram-lhe as asas e a prenderam em seu habitat. Dessa história, a marca de acessórios e roupas de esporte, Nike, se inspirou para seu nome e símbolo( duas azinhas). Dizem por ai, que os gregos ficaram bravos com a marca e alegaram que Atehna nike era parte da história de sua cidade e portanto queriam os royalties....a resposta da empresa foi mais ou menos o seguinte: uma pena, vocês cortaram as asas e foi com isso que ficamos! Resultado, perderam o direito!
Demais, né?
Realmente, nessa cidade, toda a mitologia se torna concreta e você passa a acreditar que Zeus, Athena, Socrates... existiram e habitaram seus templos e Ágoras.
O parque arqueológico que fica em torno da Acropole é alucinante...não se pode ir só para olhar, mas sim para imaginar , pois naquela hora, tudo ganha vida, ganha cores...Vale muito a pena contratar uma guia grega. Por cem euros, durante aproximadamente uma hora , você enxerga todo aquele mundo de ruínas da maneira mais bacana e cheia de detalhes, aconselho 100 %.
Também tem as ágoras...a ágora antiga, onde Socrates e Platão ensinaram e a ágora roamana. Todas elas, em ruínas, mas que, por conta disso se tornaram mais especiais e maravilhosas.
Outras dicas de região: o bairro fino PSIRI, super transado cheio de restaurantes, cafés e bares instalados ao longo da ágora antiga. Neste bairro, tem uma loja grande de botões diferentes ...........mas perdi a notinha com o endereço...sorry...
E Sindagma, bairro cool tbm, bem parecido com New York, com aquelas ruas cheias de lojas, uma delas eu entrei e aconselho para quem gosta de cosméticos, esmaltes, maquiagens etc: HONDOS CENTER , é uma loja grande de departamente bem bacana. Adoraria falar o endereço perfeito pra vocês, mas estou passando pelo que vejo na notinha e é grego né gente então vou na sorte: EPMOY, 39.


Depois tem mais. Deixo por aqui uma foto do templo de Zeus.
beijinhos.